sábado, 4 de julho de 2020

25 de abril, 1º de maio e Festa do Avante


25 de abril, 1º de maio e Festa do Avante - a polémica comum que tem sido gerada à volta destas festas, à boleia dos atuais condicionamentos da vida social, vem pôr em evidência aquilo que os principais animadores da mesma andam, há anos, a escrever História para o negar: há um triângulo com estes vértices. 

Podem ir repetindo que o 25 de abril se resumiu a um processo de abertura à democracia e não foi um uma revolução popular de cariz socialista, podem ir tentando transformar o Dia do Trabalhador em dia do colaborador, podem fingir que a Festa do Avante não causa incómodo e repetir com satisfação que "aquilo não são só comunistas". A verdade é que são cravos e bandeiras com uma cor comum contra a qual investem fazedores de opinião acossados pelos seus donos, saudosistas da outra senhora, meninos que foram ao sotão buscar a raiva dos avós salazaristas e gente que tem medo, não só do vírus mas de todas as forças e manifestações associadas a ideais de transformação da sociedade.

E foi por isso que, aprisionados nos seus lares com os seus fantasmas, depois de saberem que o número de pessoas que iam estar na Assembleia no dia 25 de abril era semelhante aos dos outros dias, não conseguiram dar a mão à palmatória e continuaram a protestar. Foi por isso que, depois de terem verificado que as manifestações do 1º de maio decorreram de forma exemplarmente organizada, respeitando as regras de distanciamento físico, não se calaram e continuaram a barafustar. Foi por isso que, a mais de três meses da Festa do Avante, sem ninguém lhes dizer em que modos e condições a mesma se poderá realizará, sem sequer fazerem ideia da evolução da pandemia e quais as regras a exigir, não hesitaram: - É vermelho, é para... (falha do teclado)!

Não os incomodou que o Balola da República fosse à arena do Campo Pequeno anunciar, entre milhares de pessoas, que o Dia de Portugal seria assinalado por oito pequenas almas; ficaram de bico calado quando o Raça de Coiso (que também é contra as três coisas) se juntou com as da sua raça numa vergonhosa manifestação; não se erguem contra as condições em que viajam diariamente para o trabalho os servos da Lisboa chique, não, nada disso surge aos seus olhos como vermelho.
Caiu-lhes a máscara!

Uma coisa é certa, sem haver festas, falou-se mais este ano em 25 de abril do que em outros anteriores; as manifestações do 1º de maio de 2020 deixam para o futuro imagens históricas, a Festa do Avante, habitualmente silenciada e ignorada pela comunicação social, nunca foi tão falada e já tem publicidade para os próximos anos.
- Atão e a Festa do Avante, pá!?

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